Calibã e a Bruxa

Terminei de ler Calibã e a Bruxa, um trabalho maravilhoso de anos de pesquisa de Silvia Federici.

Calibã e a Bruxa é basicamente uma perspectiva feminista sobre a correlação do desenvolvimento do capitalismo com a caça às bruxas, e sobre o papel crucial das mulheres à acumulação primitiva.

Quando as mulheres eram queimadas na fogueira, era queimada também uma potencial resistência ao capitalismo. Ou seja, a caça às bruxas foi responsável por aniquilar todos os movimentos de resistência feminina para que o capitalismo pudesse continuar exercendo o papel principal na sociedade e tivesse total autonomia sobre o corpo da mulher. Foi de fato uma preparação do terreno para um regime patriarcal ainda mais opressor.

Nada que a gente já não saiba, né?

A importância de todas as mulheres terem conhecimento sobre o que aconteceu, nos aproxima de mudanças. Voltar no passado para entender o motivo dessa perseguição e como isso foi útil para formar o capitalismo, nos ajuda a entender o aumento da violência contra a mulher atualmente e esse sistema falho, genocida e contrarrevolucionário que que é o sistema capitalista.

É preciso desmistificar o conceito de bruxa. O que significa ser bruxa? Quem foram as bruxas e quem são as mulheres que hoje seriam queimadas vivas? E é muito doido pensar que a caça às bruxas nunca teve um fim. É muito importante ler e estudar mulheres e até refletir sobre a persistência da desigualdade de gênero nos hábitos de leitura.

Se ainda não leu esse livro, deixo aqui minha recomendação.

Quem fez a tradução do livro foi um grupo de mulheres, o Coletivo Sycorax. No site do coletivo elas disponibilizam o pdf do livro.

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